Desafios e perspectivas da administração pública

O dia de hoje, além de ser celebrado, é, também, para (re)lembrar a sociedade que há importantes desafios e perspectivas a serem continuamente trabalhadas no escopo da administração pública, nas esferas municipal, estadual e federal. O servidor público, aquele que, formalmente, exerce cargo, emprego, serventia ou algum tipo de função pública, comemora hoje o seu dia.

Na maioria das vezes confundido com a máquina governamental, em seus mecanismos de burocratização e formalização excessivas, o servidor público é um profissional que se destaca por competências e habilidades necessárias à busca constante pela eficiência e legitimação da atuação do Estado nos mais distintos campos e cenários. Este profissional deve ser muito mais reconhecido e valorizado pelo préstimo de seus serviços do que ainda o é. Cabe à área de gestão de pessoas atuar, continuamente, no diagnóstico e monitoramento efetivo de suas demandas, interesses e necessidades, focando sua posição social e compreensão de seus objetivos, pessoais e profissionais.

O servidor público, que possui consolidada base de conhecimentos técnicos específicos e desenvolve suas atividades com foco na atenção às regras e procedimentos normativos legais vigentes, segundo princípios da administração pública, enfrenta, atualmente, dilemas concernentes à consolidação de sua identidade profissional em busca de sua valorização contínua.

Valores precisam ser resgatados, outros consolidados, e aspirações desta categoria de profissionais precisam ser ouvidas. Tais necessidades do servidor não se reduzem apenas à busca por melhores vantagens pecuniárias, mas também dizem respeito à construção social de um ambiente de trabalho motivador, respeitador, que o estimule a adquirir e expressar competências técnicas, que o tornem partícipe engajado no alcance da missão e objetivos de sua organização.

Cabe, especialmente aos gestores e alta cúpula destas organizações, desenvolver ações específicas junto aos servidores, que envolvam políticas de incentivo à busca por novas aprendizagens e perspectivas de crescimento profissional e pessoal, além de valorizar o clima organizacional e desenvolver ações voltadas à promoção da saúde mental e qualidade de vida no trabalho. Tem-se ainda a necessidade de se efetivar políticas de capacitação contínua dos servidores, visando o alcance de um melhor desempenho com foco nas ações individuais e da equipe para o alcance da produtividade.

Identificar e trabalhar com as potencialidades de cada servidor é outra necessidade. O ambiente de trabalho deve ser facilitador tanto do alcance de resultados quanto da promoção de sua motivação e – essencial – conscientização de sua importância. Reformas administrativas e a chamada nova administração pública possuem como pilares a reconfiguração do papel e da identidade dos servidores, atores sociais fundamentais à consolidação destas novas perspectivas de gestão. São desafios e perspectivas que passam por uma organização racional do trabalho, com foco no planejamento, comando, monitoramento e controle, mas que, também, valorizem sua individualidade e subjetividade. O papel dos gestores, neste sentido, é fundamental. A lição é sabida de cor. Só resta aprender.

*Francisco Antonio Coelho Júnior é Professor Adjunto, do Departamento de Administração, da Universidade de Brasília. Possui Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora , Mestrado em Psicologia pela Universidade de Brasília e Doutorado em Psicologia Social, do Trabalho e Organizações pela mesma universidade. Tem experiência nas áreas de psicologia e administração. Atua na investigação de temas referentes à gestão de pessoas nas organizações, principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: desempenho individual no trabalho, satisfação no trabalho, clima e cultura organizacionais, aprendizagem individual e coletiva no trabalho, entre outras. Tem interesse no estudo da gestão de desempenho em organizações de natureza pública.