Powered By Blogger

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Manual do estagiário de primeira viagem

É chegada a hora de vestir um terno e, pela primeira vez, pisar em um escritório: sentar-se durante seis ou oito horas ao lado daqueles senhores compenetrados, ouvindo apenas o barulho do ar condicionado gelado. É o seu primeiro estágio. Difícil relaxar e saber como agir quando a gente nunca esteve nessa situação. Ainda mais quando cada empresa tem uma cultura, e cada chefe uma personalidade. Há que se ter muito jogo de cintura. Mas algumas dicas podem ajudar o estagiário de primeira viagem sobre sua atuação no momento da entrevista, no dia-a-dia do escritório e em eventos como happy hours e festas de fim de ano da empresa. Quem responde às questões mais cabeludas é gente que lida diretamente com os estagiários – as próprias empresas. O Universia entrevistou a supervisora de processos especiais do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), Noely de Carvalho David, que faz a ponte entre universitários e empresas; e gerentes de recursos humanos da Natura e da Tigre – posicionadas entre as 10 melhores empresas para se trabalhar, segundo os guias anuais das principais revistas especializadas em mercado de trabalho, como Forbes Brasil, Você S/A, Exame e o jornal Valor Econômico.

- Estude a empresa antes da entrevista. “O candidato ao estágio tem que saber que não só a empresa vai avaliá-lo no momento da entrevista, bem como ele estará avaliando se aquela empresa tem a ver com ele”, explica a gerente de pessoas da Tigre, Carmen Raygada. Para tanto, é bom estudar o site da empresa, saber quais são seus valores e, se tiver oportunidade, conversar com gente que trabalha ou já trabalhou lá para obter mais informações.

- Vista-se da maneira mais discreta possível. Opte pelo meio-termo: nem formal demais, nem excessivamente informal. Por mais que a empresa possa ser informal no dia-a-dia, por via das dúvidas, não use jeans, tênis ou camiseta. Para as mulheres, nada de decotes ou roupas justas. Maquiagem leve – nada de batom vermelho, um gloss é o ideal. Tampouco muito perfume. “Você tem que chamar a atenção para o seu conteúdo, perfil, personalidade”, alerta a supervisora de processos especiais do CIEE, Noely de Carvalho David. Mas não pire com o velho ditado “A primeira impressão é a que fica”, porque isso não é verdade, segundo a gerente de Recursos Humanos da Natura Denise Asnis. “Um bom entrevistador vai além da primeira impressão. Uma vez, por exemplo, eu entrevistei um garoto que estava acabando de voltar de suas férias. Chegou aqui com o estilo todo praiano, de bermuda e sandália. Mas ele era tão inteligente e bem articulado, que me impressionou. E hoje ele é um gerente aqui dentro”, lembra.

- Não fale gírias nem use uma linguagem muito rebuscada. “O papel profissional é diferente do pessoal”, frisa Asnis.

- Como você soluciona os conflitos do dia-a-dia e qual é o seu papel no grupo? Essa é a questão-chave para o entrevistador. Como o estagiário não tem muito para contar em termos de experiência profissional, é o Quociente Emocional (Q.E.) que será avaliado. Então, prepare-se: o entrevistador vai fazer várias perguntas sobre o seu dia-a-dia, o seu relacionamento com os amigos, familiares, como você organiza seu fim de semana. “Não é negativo a pessoa ter problemas, a questão é como ela lida com eles”, explica Raygada.

- O entrevistador vai valorizar: o estagiário que tem um círculo de amizade eclético e interessante, que gosta de fazer viagens diferentes, de ler além do que o que a escola propõe e é flexível.

- Pega mal demonstrar que não sabe o que quer da carreira, ou que só está ali pelo dinheiro.

- Seja objetivo. Nem prolixo, nem monossilábico. A maneira como você vai responder às perguntas vai dizer muito de você, e o que a empresa busca é gente assertiva, que vai direto ao ponto e não perde o foco da informação. Então, evite ficar divagando sobre o assunto ou dando 300 exemplos pessoais. Falar demais de si mesmo, além do que foi perguntado, pega mal.

- Não faça tipo. O entrevistador vai perceber se você estiver tentando seduzi-lo (não no sentido sexual, mas de vender mais do que você é). Todas as gerentes de RH reforçam esse quesito: seja autêntico e espontâneo. Isso demonstra segurança. E lembre-se: ninguém espera que um estagiário tenha experiência profissional. Eles vão avaliá-lo pelo modo como você conduz a sua vida na faculdade, dentro da família, com os amigos, nos relacionamentos amorosos.

- Se a sua faculdade não é de primeira linha, não se preocupe. “Hoje em dia isso não é tão importante. O que a gente vai perceber da personalidade do candidato vai contar mais”, diz Raygada. Tampouco se preocupe se você veio de uma família simples e com poucos recursos. “É um bom indício ele ter chegado até ali, mostra que o cara é batalhador. E atualmente há tantos recursos para a pessoa se informar que ela não precisa ter ido à Itália para conhecer mais sobre o país. Basta ela ter curiosidade e procurar na internet ou ler livros”, pondera a gestora de pessoas da Tigre.

- Nada de rotular as pessoas. Frases como “odeio quem gosta de pagode” pegam mal, pois demonstram preconceito e inflexibilidade com o diferente.

- Cuidado com o “sincericídio”: se você está tentando uma vaga na área de RH, por exemplo, nada de dizer que o seu sonho é atuar na área de Finanças. Logo de cara, o entrevistador vai pensar que você não está tão motivado para a vaga. “Mesmo que o seu sonho seja trabalhar em outra empresa ou área, ressalte o valor de ter experiência naquela onde você está tentando obter a vaga”, aconselha Raygada.

- Demonstre garra, visão de futuro, e foco no resultado. É isso o que a maioria das empresas busca em qualquer profissional. “A gente não quer alguém bitolado só na área técnica dele. Valorizamos quem está plugado com o mundo, não centrado apenas no seu universo”, explica a gerente de Recursos Humanos da Natura Denise Asnis.

- Pergunte sobre o valor da bolsa-auxílio, benefícios e plano de carreira. Não se envergonhe disso! Mas espere o momento certo: só depois que você entender quais serão suas atividades e o horário de trabalho – e no caso do entrevistador não falar sobre o assunto.”Quem não pergunta sobre o valor da bolsa-auxílio causa a impressão de que não precisa de dinheiro ou que é muito inibido”, alerta David. Também não tem problema tentar negociar valores, caso você ache baixo o valor proposto. Mas atenção: isso deve ser feito com o gerente de RH da empresa, nunca na entrevista final, com o gestor com quem você vai trabalhar diretamente. “Você pode dizer tudo, desde que não seja arrogante”, diz David.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog... agora tenho certeza de que vou conseguir entender um pouco de finanças, economias... Sei que estou sendo bem informada!
    P.S.: t amu meu Amor.

    ResponderExcluir